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A Constituição disse sim. O orçamento disse "talvez" 🏥
Constitucional #018, ConcUP #089

CONSTITUCIONAL
Quarta-feira disfarçada. O grupo do WhatsApp já tá mandando figurinha de happy hour e até o café parece mais animado. Sua missão de hoje é: fingir que não percebeu a energia do sextou no ar e continuar estudando.
Hoje, nessa edição
🏕️ As promessas do paraíso.
🥄 O Judiciário metendo a colher.
☕ Todo mundo tem preguiça. O que diferencia é quem ignora.
👎🏽 “Hoje não, Faro”, disse o Estado.
🛏 Do chão você não passa.
DIREITOS SOCIAIS
As promessas do paraíso

(Imagem: GIPHY)
Se os direitos individuais são como uma porta trancada pro Estado não invadir sua vida, os direitos sociais são a tentativa de entregar um tapete decente do outro lado dessa porta.
Estão lá no art. 6º da CF, com uma lista bonita e cheia de intenções nobres: educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados... e fôlego, se você conseguiu ler sem parar.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Mas cuidado com a expectativa: eles são direitos de segunda geração, o que significa que não são automáticos. Ou seja, não basta estarem escritos pra acontecerem. Alô, você que leu "direito à moradia" e já foi procurar apartamento no Zap... segura.
🎯 Finalidade: diminuir as desigualdades com mais Estado
Os direitos sociais surgem com o objetivo de garantir condições dignas de existência. Enquanto os direitos de primeira geração (individuais) falam "Estado, se afaste!", os sociais dizem "Estado, venha e resolva isso aqui, por favor".
📆 Surgem com as lutas sociais, especialmente no século XX, e exigem prestacção positiva do Estado: construir escola, garantir vacina, pagar benefício, oferecer transporte... Enfim, colocar a mão no bolso e no serviço.
Mas o detalhe (sempre tem um) é que esses direitos dependem de políticas públicas e orçamento, o que significa que a realização é... vamos dizer... "condicionada".
⚡️ Eficácia: prometer é de graça, cumprir custa caro
Grande parte dos direitos sociais são normas de eficácia limitada, também chamadas de normas programáticas. O nome já entrega: elas programam a ação do Estado, orientam a criação de leis, mas não são autoaplicáveis.
📅 Exemplo: você tem direito à saúde? Sim. Mas não dá pra exigir transplante de rim no tapa com base direta no art. 6º. Precisa de lei, estrutura, médico, recurso, fila...
🚫 Eficácia limitada não é sinônimo de direito fraco. É só uma forma de dizer: a Constituição manda fazer, mas não entrega pronta.
Claro, tem exceções. Alguns direitos sociais já contam com regulamentação específica, e aí sim podem ser exigidos judicialmente com base direta.
💚 Querer não é poder, mas é começo
Direitos sociais são o Estado dizendo que quer ser bonzinho, mas avisando que precisa de tempo, dinheiro e planejamento pra isso.
E por mais que muitos ainda estejam mais no plano das ideias do que da prática, é fundamental conhecê-los. Porque só se cobra o que se conhece, e só se avança o que é lembrado.
Na próxima vez que disserem que você está exigindo demais, é só mostrar o art. 6º da CF. E dizer: "não fui eu que inventei isso aqui, não. Tá na Constituição mesmo".
Se tudo isso ainda parece distante, vale lembrar: é pelas licitações que boa parte dos direitos sociais começa a tomar forma concreta. É com edital, contrato e execução que o Estado transforma o direito à saúde em insumo hospitalar, o direito à educação em merenda, e o direito à moradia em concreto e tijolo. Sem política pública bem planejada e execução orçamentária responsável, os direitos sociais continuam bonitos... só no papel.
INTERVENÇÃO JUDICIAL
O Judiciário metendo a colher

(Imagem: GIPHY)
Sabe aquele momento em que você pede uma coisa, espera um tempão, ninguém faz nada, e você mesmo resolve levantar e resolver? Pois é. É basicamente isso que o Judiciário faz quando decide intervir nas políticas públicas. Ele olha pro Legislativo e pro Executivo e pensa: "Se eu não fizer, isso nunca vai sair."
🫣 O problema é que, em tese, não é papel do Judiciário formular políticas públicas. Isso é atribuição típica do Legislativo (cria a norma) e do Executivo (implementa). O Judiciário deveria ser aquele tio que só aparece quando dá briga no churrasco... mas às vezes, ele vira o churrasqueiro, o dono da casa e o vizinho que reclamou do som alto.
✍️ Etapa 1: a Constituição promete, o Estado não entrega
Tudo começa com as normas programáticas, aquelas promessas lindas da Constituição: direito à saúde, à moradia, à educação... Só que muitas vezes faltam leis, estrutura e boa vontade política pra transformar isso em realidade.
A população sofre, o direito fica no limbo jurídico, e o Judiciário fica ali, coçando a toga.
🔨 Etapa 2: o Judiciário bota a cara no jogo
Cansado de ver o povo bater na porta da Justiça com o direito garantido e não efetivado, o Judiciário resolve agir. Mas sem muito compromisso com a elaboração de critérios claros.
Tipo assim: "Quer tratamento médico? Manda dar! Quer vaga na creche? Manda abrir! Quer remédio importado que custa um rim? Que compre!". Tudo na base do "me parece justo".
📏 Etapa 3: o Judiciário aprende (um pouco) a medir as palavras
Com o passar do tempo, o Judiciário começou a perceber que precisava estabelecer parâmetros objetivos, até pra não transformar tudo em "quero, logo tenho".
Hoje, o STF e os tribunais superiores já têm teses consolidadas sobre o fornecimento de medicamentos, vaga em creche, acesso a tratamentos de saúde, entre outros temas. Começou a rolar uma dose de responsabilidade.
Claro, a tensão entre os poderes não acabou. Ainda tem ministro querendo legislar e deputado querendo julgar. Mas ao menos agora, quando o Judiciário mete a colher, ele faz isso com receita na mão.
PAUSA PRO CAFÉ
Todo mundo tem preguiça. O que diferencia é quem ignora
Tem gente que acha que quem estuda muito é altamente motivado. Como se acordasse todo dia animado, botasse uma playlist instrumental e dissesse “hoje eu vou arrasar no Vade Mecum!”. A realidade? Bem menos cinematográfica.
A real é que quem estuda muito só aprendeu a conviver com a preguiça sem dar palco pra ela. Porque ela aparece, sim: antes de abrir o PDF, no segundo vídeo do Reels, no momento exato em que o cronômetro dos estudos é iniciado. Ela aparece todos os dias — como um boletim da previsão do tempo.
Mas estudar não é sobre estar animado. E isso já é quase um mantra. É sobre treinar o músculo da negação. “Estou com preguiça.” Ok. Mas eu vou estudar assim mesmo.
Você não precisa vencer a preguiça, só precisa aprender a não escutá-la tanto. E com o tempo, ela até fica mais educada. Ou pelo menos, mais previsível. ☕📚
POR FALAR EM CAFÉ
Uma caneca que é a sua cara (literalmente)
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RESERVA DO POSSÍVEL
O direito bateu na porta, mas o Estado respondeu "hoje não dá"

(Imagem: GIPHY)
Imagine que você tem direito a um bolo de chocolate. A Constituição diz: você merece. Aí você bate na porta do Estado pedindo esse bolo. E o Estado responde: "Eu até queria, mas o forno quebrou, a farinha acabou, e o confeiteiro entrou em greve". Essa é a reserva do possível.
💡 Trata-se do princípio que limita a obrigação do Estado de prestar determinados serviços, especialmente quando se trata de direitos sociais. Afinal, prometer é fácil. Cumprir exige orçamento.
📖 Dimensões da reserva do possível
Possibilidade fática: há recursos materiais, humanos e logísticos suficientes pra atender a demanda? Não adianta exigir vacina se o país está em guerra zumbi e não tem seringas.
Possibilidade jurídica: a prestação é legalmente possível? Tem amparo normativo ou contraria a legislação vigente?
Razoabilidade da exigência e Proporcionalidade da prestação: o pedido é minimamente razoável ou parece coisa escrita num guardanapo depois de quatro cafezines? o que se pede é compatível com o que se gasta? Uma injeção de 20 mil pra curar espirro pode ser um pouco demais.
🤝 Quem alega?
O ônus da prova é do Estado. Ou seja, é ele quem precisa mostrar que não pode cumprir determinada obrigação por limitações reais e objetivas. Não basta dizer "estamos sem verba" com cara de quem esqueceu o pix do aluguel.
🎯 A reserva do possível não é escudo pra omissão. É exceção. E quem quer usá-la precisa mostrar que o impossível é real, não narrativo.
MÍNIMO EXISTENCIAL
A Constituição dizendo “daqui você não passa”

(Imagem: GIPHY)
Sabe aquela lista de coisas sem as quais a vida não dá pra chamar de vida? Netflix, cochilo da tarde, memes. Então. O mínimo existencial é tipo isso, só que com respaldo jurídico. É a ideia de que, independentemente da situação econômica, o Estado não pode negar prestações básicas essenciais à dignidade da pessoa humana. Ou seja, o mínimo é inegociável. Tipo café pra concurseiro.
Tem base direta no princípio da dignidade da pessoa humana, que não é só uma frase bonita em capa de apostila. É a espinha dorsal do Direito Constitucional moderno.
⚖️ Mínimo existencial x reserva do possível
Essa é a treta jurídica mais frequente do SUS ao STF. O Estado diz: "não dá pra atender todo mundo porque não tem recurso". E o cidadão retruca: "meu amigo, eu tô pedindo o básico, não um spa em Dubai".
📉 Aqui, o que prevalece é a lógica de que o mínimo existencial é prioritário. A reserva do possível não pode ser usada pra negar atendimento médico essencial, medicação vital, vaga em creche, acesso a benefício básico. O que é vital tem preferência constitucional.
Impossibilidade de invocação, pelo Poder Público, da cláusula da reserva do possível sempre que puder resultar, de sua aplicação, comprometimento do núcleo que qualifica o mínimo existencial.
Se tiver que escolher entre não pagar diárias de hotel pra servidor em curso e garantir leite infantil numa UBS, a Constituição já decidiu. E spoiler: não é pelo hotel. 🍼
1 MINUTO
Esse é o tempo que você vai levar pra responder umas perguntinhas. Não vamos perguntar sua renda, seu peso ou se você já largou o cursinho três vezes. Só umas perguntinhas básicas pra gente entender como sua cachola funciona.
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